Esse livro é, com certeza, um dos mais difíceis de se resenhar da atualidade, tendo em vista a complexidade da história, a forma como ela se entrelaça e se desenvolve. Se você já teve curiosidade, seja pelo sucesso que a série faz ou mesmo pela sinopse, pode ter certeza que vale a pena (e muito!) ler a saga d'As Crônicas de Gelo e Fogo.
Já aviso que o começo do livro pode não ser um dos mais fáceis, em parte pelo leitor não entender muito bem o que está se passando e em parte por conta de uma escrita mais floreada, que vai de acordo com o tema medieval que a série segue. Também é necessário lembrar que está sendo introduzido um enredo gigantesco, então o ritmo é um pouco mais devagar. Então, mesmo se você ler o prólogo e ficar "what the fuck?", não pare por aí: um universo está preste a se abrir na sua frente. E se preparem, porque a resenha está bem longa (senta que lá vem história hahaha)!
Em Westeros, terra onde as estações são duradouras, existem sete reinos liderados pelo Rei Robert, imponente e beberrão. Eddard Stark, senhor de Winterfell, recebe o rei, seu grande amigo em uma visita com segundas intenções - com Robert e sua comissão, vem a proposta de se tornar Mão do Rei, um cargo de grande importância. Mesmo contra sua vontade, Ned aceita o convite, deixando suas terras - e sua senhora - para trás, com a intenção de ajudar seu grande amigo, já que tem suspeitas quanto a família Lannister - a qual pertence a rainha - que pode estar por trás de alguns acontecimentos obscuros dos últimos tempos.
Já em terras longínquas, conhecemos Daenerys e Viserys Targaryen, dois irmãos órfãos, que carregam o sangue de dragão em suas veias. Viserys prometeu a mão da irmã mais nova a Khal Drogo, senhor dos dothrakis, em busca de ascensão social, na tentativa de, algum dia, recuperar algo que a eles pertencem: o trono de ferro. Aerys Targaryen, pai deles, era rei e foi tirado do trono por Robert, o usurpador, numa guerra anterior.
Em Porto Real, de onde o reino é governado, habita, além da família real, os Lannisters, super respeitados, porém temidos, já que todos sabem de seu fundo de vilania. São seus principais e mais poderosos membros que lá moram, já que são diretamente aparentados da rainha Cersei - Jaime, seu gêmeo; Tyrion, o irmão mais novo - e anão - e Tywin, pai da rainha e grande figura frente a toda Westeros.
Há também outros cenários, como a Muralha, para onde vão homens para se tornarem patrulheiros juramentados e proteger o reino de ataques externos e as terras enfeudadas como a dos Tully e dos Greyjoy.
E é a partir desses arcos, que se desenvolvem e se multiplicam, que se introduz a fantástica história de Guerra dos Tronos. Muita traição, surpresas e conflitos já aparecem desde o início, desenvolvidos todos de forma inteligentíssima.
Cada capítulo é no ponto de vista de um diferente personagem, tendo essa multiplicidade bem explorada, mesmo com uma narração em terceira pessoa. Já era de se esperar algo de tamanha qualidade, tendo um autor que também é roteirista de cinema como criador da história. Além disso, todos que ao menos ouviram falar do livro, já devem ter escutado a tão frequente comparação com a principal obra de Tolkien, O Senhor dos Anéis.
O final do livro acompanha mapas de Westeros, para o leitor ter uma ideia de localização, já que uma imensidão de lugares são mencionados e também uma lista das Casas nobres de Westeros, que seriam as principais famílias nobres, importantes na saga. Não pense que, por haver tantos lugares e personagens, tudo pode se tornar confuso; muito pelo contrário, todo esse imenso mundo se conecta e inclusive cria-se uma grande familiaridade com os personagens. Também não recomendo a leitura das listas das Casas antes de se terminar o livro, porque podem conter eventuais spoilers quanto a mortes.
Todo mundo já deve ter ouvido falar das inúmeras mortes no
decorrer da história. É, George R. R. Martin não estava de
brincadeira...
Considerando o plano que delineia a história, que é o cenário medieval, fica claro que o enredo foi muito bem escrito e tudo é muito próximo do real. A maldade intrínseca ao ser humano, a realização de desejos, a consolidação de impulsos, a pureza sendo rompida, o processo de amadurecimento, tudo isso fica muito claro. São todos tão seres humanos quanto nós.
Inclusive, há muitas pessoas que não gostam da história por conta de um fator: o modo como é colocada a figura da mulher. Para que fique claro, acho um absurdo o tratamento da mulher perante o homem como um objeto, como um ser inferior, mas o que George Martin retrata é de acordo com a realidade da época, não uma forma do mesmo se declarar machista. Além disso, algumas personagens femininas vêm para quebrar com essa visão medieval e mostrar seu girl power!
Além disso, todo mundo já deve ter ouvido falar das inúmeras mortes no decorrer da história. É, George R. R. Martin não estava de brincadeira...
O receio da maioria das pessoas em relação a começar a saga se resumem, basicamente, na questão do tamanho do livro, que é muito grande e tem as letras pequenas. Isso é realmente ruim para leitores de primeira viagem, mas se as letras não fossem pequenas, o livro teria o dobro, senão o triplo, do tamanho atual (e custaria uma fortuna). Depois de começar a ler, você provavelmente vai desejar que o livro tivesse mais páginas!
A única reclamação que tenho a fazer quanto a edição comum do livro (correspondente a capa presente no início deste post) é o fato das páginas amarelarem. Tenho o primeiro livro desde Dezembro de 2011 e as laterais estão muito amareladas (parecendo jornal antigo), sendo que conservo os livros muuuuuuuuuuuuito bem, então dá aquela dor no fundo do coração. Em breve tentarei alguns procedimentos para tirar o amarelado e conto pra vocês o resultado!
Considerações finais: se você gosta, seja de magia, de psicologia, de intrigas ou de aventura, você deve começar essa saga, a complexidade dela, quanto aos enlaçes da história, é tão grande, que chega a ser impressionante pensar que isso partiu de uma única mente, que por sinal é brilhante.
Avaliação: ♥♥♥♥♥
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